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A Supervisão Clínica na Formação e Sustentação da Prática Psicológica: Um Olhar Psicanalítico

Atualizado: 30 de jun.

A supervisão clínica é uma atividade fundamental na formação e na sustentação contínua da prática do psicólogo, especialmente nas áreas clínica e hospitalar, onde o manejo com o sofrimento humano exige constante elaboração e reflexão ética. Mais do que um espaço de correção técnica, a supervisão, sob a ótica da psicanálise, constitui-se como um lugar de escuta, elaboração e sustentação do lugar do analista em formação e em atuação.

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Na perspectiva psicanalítica, o trabalho clínico não se dá apenas no campo do saber, mas no campo do desejo, da escuta e da transferência. Nesse sentido, a supervisão é também uma experiência de implicação subjetiva, onde o profissional é convidado a refletir sobre sua posição frente ao paciente, aos efeitos do encontro clínico e às marcas inconscientes que se mobilizam na relação terapêutica.

No contexto hospitalar, onde o psicólogo se depara com intensidades próprias da dor física, do adoecimento, da finitude e dos impasses institucionais, a supervisão torna-se ainda mais essencial. Ela oferece um espaço protegido para que o profissional possa sustentar sua escuta mesmo diante do que escapa, do que angustia e do que convoca respostas imediatas. Ao supervisionar, é possível recolher aquilo que se agita nas entrelinhas do discurso do paciente e, também, no próprio profissional.

Diferente de uma postura normativa ou avaliativa, a supervisão psicanalítica opera por meio da escuta e da aposta na transferência, como no próprio setting clínico. Ela não visa formar um “saber fazer” padronizado, mas favorecer o processo de subjetivação do clínico, ajudando-o a construir seu estilo de escuta, reconhecer seus impasses, evitar atuações precipitadas e sustentar uma posição ética diante do outro.

Assim, a supervisão não é um complemento da prática clínica — ela é parte indissociável da formação permanente do psicólogo. É nela que se abrem os caminhos para que o profissional não se isole em certezas, não se defenda com protocolos rígidos e não se perca diante do sofrimento do outro. Em última instância, é na supervisão que o psicólogo pode ser escutado, podendo, então, escutar de fato.



 
 
 

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